Tem em curso um projecto chamado Rostos da Terra, mas o objectivo, defende o retratista, não é fotografar toda a gente – antes captar as histórias da gente do Seixal. 

Fernando Branquinho dedicou-se desde muito cedo à música, mas em 2009 deu uma volta grande à sua vida profissional e decidiu apostar na fotografia, que tinha sido, até à data, o seu grande hobby. O projecto Rostos da Terra (no Instagram, basta pesquisar pelo hashtag #rostosdaterra) surge de um gosto especial que tem em trabalhar e envolver-se com a comunidade. 

Já tinha feito parte do projecto Retratos de Família, em parceria com o município do Seixal, que operava num bairro carenciado do concelho, e quase logo de seguida fez nascer um projecto para mostrar a cara de outros seixalenses (alguns bem famosos do grande público, outros que também o são dentro do perímetro do concelho) de alma e coração. Sem qualquer investimento, financiamento ou fim lucrativo, o projecto é movido apenas pela vontade que Fernando Branquinho tem de imortalizar as gentes da terra em retratos honestos que, por si só, são uma história. Mas não uma história qualquer, a história de cada um. 

“Um bom retrato não prima só pelo disparo, depende muito da relação que se cria com quem está à frente da câmara, mas também de toda a envolvência”, diz, referindo-se à mesa antiga de taberna que aparece sempre em primeiro plano nos retratos e que lhe foi oferecida pelo amigo José Rita, taberneiro de profissão. De resto, o fundo e a iluminação – que diz serem o cenário de um livro, do qual o retrato é a história – também se mantêm em todas as fotografias e assim será até encontrar outras histórias que queira contar. 

“O mais interessante aqui não é a pessoa encontrar na fotografia uma fotocópia sua, é ir buscar alguma coisa de que nem sequer está à espera, mas é ela, ali naquele detalhe”, explica o fotógrafo que, ao todo, já conta com um acervo de mais de 60 retratos, aos quais vão ser acrescentados outros tantos, que serão materializados num livro que conta não só com os retratos mas também com uma narrativa que une todas as histórias numa “espécie de romance à beira-rio”. 

Este projecto é feito no estúdio de Fernando Branquinho, O Retratista, na Amora 
Web: oretratista.pt
Tel.: 963223899 


Retratos que contam histórias 

Foto Associação Naval por Fernando Branquinho

Boga, mestre pescador e Manuelzinho, 81 anos, mestre de tráfego local. São, respectivamente, os sócios n.°1 e n.°2 da Associação Náutica do Seixal. 

Carla Sacramento por Fernando Branquinho

Carla Sacramento, campeã mundial de atletismo em 1997 e galardoada com a Medalha Olímpica Nobre Guedes nesse mesmo ano. Dá nome ao complexo Municipal de atletismo do Seixal. 

Diamantina Rodrigues por Fernando Branquinho

Diamantina Rodrigues, fadista, iniciou carreira na televisão a apresentar Portugal Sem Fronteiras e foi professora de matemática durante quase 10 anos. 

Leonel Fernandes por Fernando Branquinho

Leonel Fernandes, jogador internacional de hóquei em patins na companhia União Fabril (cUF) e no Grupo Desportivo Mundet. Vestiu a camisola da Selecção Nacional 109 vezes e marcou 120 golos. Dá nome ao Pavilhão Desportivo Municipal do Seixal. 

Luís Boa Morte por Fernando Branquinho

Luís Boa Morte, ex-jogador de futebol e treinador, representou a Selecção Nacional no Mundial de 2006. Actualmente é olheiro do clube inglês Arsenal F.C. 

Olga Mariano por Fernando Branquinho

Olga Mariano, agente sócio-cultural, escritora, activista pelos direitos da comunidade cigana, sobretudo ligados ao feminismo. Foi a primeira mulher cigana a tirar a carta de condução em Portugal. 

Rui Júnior por Fernando Branquinho

Rui Júnior, percussionista e compositor, também é professor, e em 1998 fundou o grupo Tocá Rufar, que hoje dirige. 

Vhils (Alexandre Farto) por Fernando Branquinho

Vhils (Alexandre Farto), street artist nascido no Seixal, autor do mural de Zeca Afonso na Escola Secundária José Afonso.